Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais
eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O SENHOR,
forte e poderoso, o SENHOR, poderoso nas batalhas. Levantai, ó portas, as
vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da
Glória. Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da
Glória. (Salmo 24.7-10)
Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote
que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele
tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
(Hebreus 4.14-15)
As Escrituras afirmam que, quarenta dias
após a ressurreição, Cristo ascendeu aos céus na presença de um grande grupo
dos seus discípulos. No livro de Atos, lemos: “Ditas estas palavras, foi Jesus
elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos.”[1] O
evangelho de Lucas testifica: “Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se
retirando deles, sendo elevado para o céu.”[2] Marcos declara: “De fato, o
Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à
destra de Deus.”[3] O apóstolo Paulo descreve desta forma: “Aquele que foi
manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos,
pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.”[4]
A ressurreição e ascensão de Cristo foram precursoras e provas da
sua coroação e entronização à destra de Deus. De acordo com as Escrituras, o
Pai glorificou o Filho, consigo mesmo, com a glória que este tinha junto dele,
antes que houvesse mundo.[5] Contudo, a glória que foi reganhada é maior do que
a glória da qual ele se esvaziou quando veio a este mundo.[6] Pois agora, ele se
senta à destra do Pai não somente como a plenitude da Divindade, mas também
como o Homem glorificado; não somente como Regente, mas também como Redentor e
Sumo Sacerdote. Ele é Deus, o Filho, e o segundo Adão; Ele é o Leão e Rei e
também o Cordeiro que foi morto; Ele é o Juiz de toda a terra e o Grande Sumo
Sacerdote que se ofereceu como propiciação pelos pecados do seu povo.
A ascensão de Cristo
Para começarmos a considerar este majestoso tema da ascensão,
prestaremos atenção primeiro à Escritura do Antigo Testamento. O Salmo 24 de
Davi é uma liturgia de procissão que celebra a entrada do Senhor em Sião. A
igreja há muito tempo interpretou este salmo como a celebração da ascensão de
Cristo a Jerusalém celestial e ao “maior e mais perfeito tabernáculo, não feito
por mãos”.[7] Embora, nos últimos anos, seja debatido até que ponto este salmo
pode ser aplicado a Cristo, os Reformadores, os Puritanos e alguns dos maiores
teólogos e expositores através da história de igreja interpretaram-no
cristologicamente. Aqui, seguiremos a direção deles e acharemos neste salmo a
glória de Cristo ao ascender à destra de Deus.
Os primeiros seis versículos do Salmo 24 discursam sobre uma
questão extremamente importante: quem entrará na presença do Senhor? Como
veremos, as exigências são rígidas e inflexíveis: “Quem subirá ao monte do
SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro
de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente.”[8]
Ao lermos este texto, devemos imediatamente reconhecer que não nos qualificamos
para subir ao monte do Senhor ou permanecer no seu santo lugar. Nossas mãos
estão sujas, nossos corações, impuros, nossas almas, cheias de idolatria e
nossos lábios, contaminados pelo engano. Nossos pecados fizeram separação entre
nós e nosso Deus e fecharam a entrada para os céus tão rigorosamente como
Jericó, onde ninguém saía, nem entrava.[9] O veredito contra nós é justo: não
há justo, nem um sequer.[10] Entregues a nós mesmos, não temos nenhum recurso,
a não ser nos calarmos e aguardarmos a nossa condenação.[11] Ainda que nos
lavemos com água de neve e purifiquemos as mãos com cáustico, a mácula da nossa
iniquidade está perante o Senhor.[12] Não podemos entrar nem nos aproximar.
Em todos os sentidos, a humanidade está completamente
desqualificada, contudo há Um dentre a nossa raça que penetrou os céus e se
coloca diante de Deus como um advogado em prol do seu povo – Jesus Cristo, o
justo.[13] Ele é um descendente de Adão e, portanto, verdadeiramente um dos
nossos. Durante a sua peregrinação terrena, ele era em tudo semelhante a nós,
mas sem pecado.[14] Ele glorificou a Deus em cada pensamento, palavra e ação e
amou o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, alma, mente e força.[15] Uma
obediência interrupta marcou todo o curso da sua vida.[16] Ele era inculpável
diante da lei e mostrou não possuir sombra ou mancha diante da resplandecente e
pura luz da santidade de Deus, que expõe quaisquer trevas. As Escrituras
declaram que Deus atribui imperfeições aos seus anjos, mas em Jesus ele
encontrou somente santidade perfeita e um infinito estoque de integridade.[17]
Ele era santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores – o único membro
da raça adâmica que foi aprovado por Deus em virtude do seu próprio mérito.[18]
Ele foi o único a quem Deus testificou: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo.”[19]
[1] Atos 1.9
[2] Lucas 24.51
[3] Marcos 16.19
[4] 1 Timóteo 3.16
[5] João 17.5
[6] Filipenses 2.6-8
[7] Hebreus 9.11, 24
[8] Salmo 24.3-4
[9] Isaías 59.2, Josué 6.1
[10] Romanos 3.10
[11] Romanos 3.19
[12] Jó 9.30-31; Jeremias 02.22
[13] Hebreus 4.14, 1 João 2.1
[14] Hebreus 4.15
[15] 1 Coríntios 10.31; Mateus 22.37; Marcos 12.30; Lucas 10.27
[16] João 8.29
[17] Jó 4.18
[18] Hebreus 7.26
[19] Mateus 3.17; 17.5; Marcos 1.11; 9.7; Lucas 3.22
Extraído do
livro 24º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer,
a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o
privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.
Tradução:
Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com
permissão.
© Editora
Fiel. Todos os direitos reservados. Original: A Ascensão de Cristo como Sumo
Sacerdote de Seu Povo (Paul Washer) [24/26]
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